Bird Box

Em um mundo onde as regras de sobrevivência são ditadas pela própria presença que ameaça destruí-lo, a esperança é um luxo que poucos podem pagar. O filme Bird Box, dirigido por Susanne Bier e baseado no romance best-seller de Josh Malerman, ganha vida com uma história sombria e angustiante de sobrevivência, amor e a recusa do espírito humano em ser extinto. O filme se passa em um mundo pós-apocalíptico onde uma entidade invisível tomou conta, levando aqueles que a encontram à loucura e, finalmente, a tirar suas próprias vidas. A personagem principal, Malorie Hayes (interpretada por Sandra Bullock), é uma jovem viúva, lutando para manter seus dois filhos, Tom (Julian Edwards) e Garota (Vivien Lyra Blair), seguros dessa ameaça desconhecida. As crianças, com cerca de cinco e seis anos, estão, obviamente, alheias aos horrores que devastaram seu mundo, ainda agarradas às memórias de seu pai, que acreditavam tê-las simplesmente abandonado. Malorie, resistente e engenhosa, deve navegar pela paisagem implacável de um mundo pós-apocalíptico, mantendo em mente um aspecto crítico da sobrevivência – o bem-estar de seus filhos. Eles atravessam florestas densas, cidades aparentemente abandonadas e rodovias destruídas, constantemente à procura de sinais dessa entidade, muitas vezes retratada como uma presença que desafia a imaginação, aparentemente capaz de tocar mentes e inflamar tendências suicidas naqueles em sua proximidade. Nas cenas de abertura do filme, a irmã de Malorie, Lucy (Sarah Paulson), e um grupo de sobreviventes lutam para compreender a natureza dessa entidade e seus esforços para estabelecer uma nova comunidade. A história de Lucy é de desespero, questionando as regras e a moralidade que governam suas ações. Ela se depara com um homem cego (John Malkovich) que lidera um grupo de sobreviventes vendados. O conceito que Malorie aprende com essa ideia - onde a visão cega as pessoas para a realidade de uma forma invisível - é fundamental para o desenvolvimento da história no filme. Malorie se vê lutando para determinar se o grupo desse estranho pode ser um caminho para a sobrevivência e um meio de eventualmente alcançar o santuário de um suposto grupo de resistência. É quando ela entra em rota, sabendo que sua chance de proteger seus filhos está por um fio - não importa se ao tirar sua vida junto, ou perder um de seus filhos para a presença desconhecida. Guiando seu grupo, também em uma jornada perigosa na completa escuridão devido à orientação que ela derivou desse grupo, eles confiam nela para proteção, abrigo e seu forte desejo de cuidar de seus filhos. Isso também se transforma em um autodesafio para ela - considerando suas lutas internas relacionadas a como a mania suicida deve lembrá-la e como ela deve continuar liderando seus filhos, embora como as coisas parecem se desenrolar, encontrar seus filhos seguros e vivendo. Quanto mais Malorie avança em sua odisseia, essa percepção a força a se tornar cada vez mais isolada, como se emocionalmente distante. É somente quando sua missão de proteger seus filhos no passado atinge uma fronteira frágil de se tornar 'apenas' um ato a cumprir que descobrimos como as memórias que Malorie ajudou a construir podem trazer resultados extraordinários. Ao longo de sua árdua jornada, fica evidente que a vida após o desastre parece mudar muito pouco, a proteção feroz de Malorie sempre se mantém forte - mesmo sacrificando alguma conexão humana em busca de proteção. Eles até evitam perigos, como estradas que são assoladas por motoristas párias suicidas, enquanto conseguem enfrentar densos matagais traiçoeiros. Em última análise, Bird Box retrata o tema da coragem: uma maneira de combatê-la pode ser o medo. Como em suas cenas finais, Malorie também termina sua busca por segurança se tornando um sucesso não anunciado – um ponto que marca o potencial humano.