Pearl

Pearl, escrito e dirigido por Ti West, é um filme de terror americano de 2022 que investiga os aspectos mais sombrios da natureza humana, explorando temas como desejo reprimido, isolamento e as consequências destrutivas da ambição desenfreada. O filme é estrelado por Mia Goth, uma atriz e escritora que fez sua estreia na direção com Aaaaaaaah! (2015), e é a segunda parte da Saga X de West, seguindo O Sacramento de 2014. A história se passa na década de 1920, em uma fazenda remota no Texas, onde Pearl, uma adolescente, vive com sua família. Seu pai, Roy Pascal (Matthew Field), é um homem doente e frágil, lutando para lidar com sua própria mortalidade, tendo sofrido recentemente uma lesão. A esposa de Roy, interpretada por Tandi Wright, é uma mulher intensamente devota, profundamente ligada à sua fé e que desdenha as aspirações e desejos de Pearl. A esposa de Roy, no entanto, não é a única fonte de opressão na vida de Pearl. O ambiente sufocante e as normas sociais da época criam uma sensação de claustrofobia, limitando as opções de Pearl e reprimindo seus desejos. Ela é frequentemente vista assistindo a filmes, com os olhos fixos no mundo glamoroso da tela, sua imaginação correndo solta com sonhos de deixar para trás sua vida isolada. À medida que a história se desenrola, a mãe de Pearl se torna cada vez mais controladora, impondo restrições severas aos movimentos e ao comportamento de sua filha. A tensão entre elas aumenta, com a frustração e o ressentimento de Pearl crescendo, enquanto ela se sente presa em uma prisão de sua própria criação. A fazenda, outrora um símbolo de segurança e estabilidade, agora parece uma gaiola dourada, sufocando o senso de independência e liberdade de Pearl. Enquanto isso, uma série de eventos perturbadores começa a se desenrolar, sugerindo a escuridão que espreita sob a superfície da vida aparentemente idílica da família. O geralmente alegre ajudante de fazenda, Ed (Josh Loevy), é visto discutindo com Roy, e o relacionamento dos pais se torna marcado por tensão e hostilidade. As fantasias de Pearl sobre uma vida mais glamorosa continuam a consumi-la, e ela começa a correr pequenos riscos, com seus desejos e rebeliões vindo à tona. Suas interações com o ajudante de fazenda, Ed, são permeadas por uma atração proibida, que ela é incapaz de expressar abertamente. À medida que o filme avança, as motivações e os desejos de Pearl se tornam cada vez mais distorcidos, e ela começa a revelar uma personalidade mais sinistra e descontrolada. Perto do final do filme, a frustração de Pearl explode, e ela inflige danos físicos à sua mãe, levando a um clímax trágico e devastador. Os eventos que se seguem têm consequências de longo alcance, mudando o curso da história da família e cimentando a descida de Pearl à loucura. Ao longo de Pearl, Ti West intercala referências a filmes de terror clássicos, parodiando cenas e motivos icônicos desses filmes. Essa homenagem autoconsciente e pós-moderna serve para sublinhar os temas do desejo reprimido, à medida que a câmera examina os personagens, tal como a lente de um quadro cinematográfico vê um espetáculo macabro no ecrã. A direção de Ti West e a trilha sonora do filme assumem uma qualidade assustadora e inspirada no folclore, construindo gradualmente uma sensação de mal-estar e presságio, sublinhando a sensação sinistra que permeia a atmosfera do filme. A tensão de queima lenta culmina num clímax deslumbrante, que proporciona uma experiência de visualização verdadeiramente inquietante e perturbadora. Em última análise, Pearl é um filme de terror psicológico que explora o potencial destrutivo da ambição desenfreada, bem como as tensões e conflitos entre homens e mulheres. Tendo como pano de fundo uma sociedade patriarcal, o filme pinta um retrato assustador de rebelião, repressão e as consequências devastadoras de desejos insatisfeitos.