Bonitinha, Mas Ordinária

Enredo
Bonitinha, Mas Ordinária é um filme de drama brasileiro dirigido por Nelson Pereira dos Santos. Lançado em 1978, o filme aborda um tema difícil e sensível, tratando de questões como desigualdade de classes, honra, estupro e a natureza opressiva da sociedade brasileira na época. O filme gira em torno da história de Luiza, a filha de 16 anos de um rico empresário, que mora no Rio de Janeiro. Luiza é inicialmente retratada como bonita, mas ingênua, uma típica donzela em perigo. Em uma noite fatídica, ela é brutalmente estuprada por cinco jovens das favelas do Rio, conhecidos como 'meninos' no contexto do filme. Os 'meninos' são retratados como jovens em dificuldades que recorrem ao crime para sobreviver. Este ato violento tem consequências devastadoras na vida de Luiza, deixando-a abalada e vulnerável. O pai de Luiza, um rico empresário com um forte senso de orgulho e posição social, decide tomar medidas drásticas para proteger a honra de sua família diante desta tragédia. Para salvar a reputação e evitar escândalos públicos, ele arranja o casamento de Luiza com um jovem chamado Pedro, um de seus empregados. Esta decisão reflete o profundo preconceito de classe prevalente na sociedade da época, onde a classe alta via a classe trabalhadora como inferior e frequentemente a usava para manter seu status social. Pedro está inicialmente hesitante, mas acaba aceitando o casamento arranjado, reconhecendo a oportunidade que ele apresenta. Ele é um jovem bondoso de origem pobre, mas está disposto a fazer o que for preciso para melhorar de vida. Através do personagem de Pedro, o filme levanta questões sobre o papel da classe e do status econômico na formação de relacionamentos e escolhas. A história de Bonitinha, Mas Ordinária serve como uma reflexão sobre os aspectos mais sombrios da sociedade brasileira. O filme critica a hierarquia de classes e as normas sociais que permitiram que um crime tão hediondo como o estupro ficasse impune e também permitiram que a vítima fosse ainda mais traumatizada ao ser forçada a um casamento arranjado. Além disso, o filme traz à tona o desespero e as lutas enfrentadas pelos pobres da cidade. A cinematografia em Bonitinha, Mas Ordinária é um comentário pungente sobre o forte contraste entre a vida dos ricos e dos pobres no Rio de Janeiro. O filme justapõe as cenas idílicas e pitorescas do mundo privilegiado de Luiza com a dura e empobrecida realidade dos 'meninos' e suas famílias. Este contraste visual sublinha as profundas divisões de classe na sociedade brasileira na época. Ao longo do filme, a narrativa levanta questões sobre dinâmicas de poder, normas sociais e a agência da vítima. As experiências de Luiza são uma representação do silenciamento e apagamento que frequentemente ocorrem em casos de estupro. Ela se torna um mero objeto de piedade e um objeto para as ações de seu pai, em vez de uma vítima com sua própria agência e voz. Em última análise, Bonitinha, Mas Ordinária é um filme complexo e instigante que investiga as duras realidades da sociedade brasileira no final da década de 1970. Desafia os espectadores a pensar criticamente sobre as divisões de classe, normas sociais e dinâmicas de poder que perpetuam tais injustiças. Através de sua narrativa poderosa, o filme fornece um comentário assustador sobre os aspectos mais sombrios da sociedade, lançando luz sobre questões que continuam a afetar as comunidades marginalizadas hoje.
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