Consentimento

Consentimento

Enredo

Vanessa Springora, uma escritora francesa, partilha suas memórias angustiantes e instigantes, 'Consentimento', que narra sua experiência traumática como uma menina de 13 anos quando foi explorada por um escritor celebrado há quase três décadas. Tendo como pano de fundo a França dos anos 80, a memória expõe o lado mais sombrio dos círculos literários e a complacência social que permitiu que o abuso ocorresse. A história começa em 1986, na pequena cidade da Normandia, onde Springora, então adolescente, conhece pela primeira vez o enigmático e carismático escritor Gilbert Perrier. Ele é uma figura proeminente nos círculos literários franceses, com uma carreira de sucesso e inúmeros admiradores. O charme e a inteligência de Perrier deixam uma marca indelével em Springora, que se sente atraída pelo seu mundo de palavras e poesia. No entanto, este fascínio é logo manchado pela sua luxúria pela sua inocência, e as linhas entre orientação literária e exploração começam a esbater-se. Como uma menina de 13 anos, Springora é vulnerável à manipulação de Perrier, e ele se aproveita de sua ingenuidade, iniciando um caso de três anos que a deixaria física e emocionalmente marcada. O abuso não se limita ao reino físico, pois Perrier também se envolve em uma forma de manipulação psicológica, fazendo com que Springora se sinta culpada e responsável por suas ações. Essa dinâmica tóxica é ainda mais complicada pela influência de Perrier sobre ela, pois ele se torna seu mentor literário e a incentiva a escrever sua própria poesia, solidificando ainda mais seu domínio sobre ela. A memória não é apenas um relato pessoal do abuso de Springora, mas também uma exposição da complacência social que permitiu que isto acontecesse. O livro destaca os perigos do poder desenfreado, o culto da celebridade e o silêncio que se segue quando se trata de abordar o abuso dentro dos círculos literários. Os amigos e conhecidos de Perrier estão cientes da diferença de idade e da natureza abusiva de seu relacionamento, mas não conseguem intervir ou expressar qualquer preocupação, cegados pelo seu talento e reputação. A história de Springora é um testemunho dos efeitos duradouros do trauma infantil e da importância de denunciar o abuso. A sua narrativa é caracterizada por uma raiva profundamente enraizada e um senso de traição, não apenas contra Perrier, mas também contra as pessoas que permitiram e encobriram as suas ações. A memória é também uma homenagem às muitas mulheres que foram silenciadas, ignoradas ou culpadas pelo seu próprio abuso, muitas vezes devido à dinâmica de poder em jogo. Ao longo do livro, Springora emprega uma variedade de estilos de escrita, do poético ao reflexivo, para transmitir a complexidade de suas emoções e experiências. A sua prosa é poderosa e pungente, capturando a intensidade de seus sentimentos e o trauma que ela suportou. A memória também inclui extratos da escrita de Perrier, que servem como um lembrete arrepiante do talento literário do homem, mesmo quando ele explora a inocência de Springora. Nos últimos anos, 'Consentimento' desencadeou uma conversa nacional na França sobre o movimento #MeToo e a prevalência do abuso dentro dos círculos literários e artísticos. O livro foi elogiado por seu retrato inflexível da experiência de Springora e sua crítica à complacência social que permitiu o abuso. A coragem de Springora ao partilhar a sua história também inspirou muitas mulheres a denunciarem as suas próprias experiências de abuso e exploração. Em última análise, 'Consentimento' é uma exploração poderosa das intersecções entre poder, criatividade e trauma. A história de Springora serve como um aviso sobre os perigos do poder desenfreado e a importância de denunciar o abuso, mesmo nos lugares mais improváveis. O livro é um testemunho da resiliência do espírito humano e da importância de partilhar as nossas histórias, por mais difíceis ou traumáticas que sejam.

Consentimento screenshot 1
Consentimento screenshot 2
Consentimento screenshot 3

Resenhas