Início da Primavera

Início da Primavera

Enredo

Início da Primavera é um filme de drama japonês de 1956 escrito e dirigido por Yasujirō Ozu, baseado em um romance de mesmo nome de Ishiko Chū. O filme acompanha a vida de um assalariado desencantado e sua esposa enquanto eles navegam pelos aspectos mundanos de seu casamento, suas lutas mascaradas pelas expectativas e convenções sociais do Japão durante o período pós-guerra. O filme centra-se em Noriko (interpretada por Setsuko Hara e mais tarde por Haruko Sugimura), uma mulher bonita e inteligente que é casada com Ryōichi Wakasa (interpretado por Ryo Ikebe), um jovem assalariado de Tóquio que trabalha para a Toho Railway Company, sediada em Osaka. Embora Noriko seja profundamente apaixonada por seu marido, seu casamento tornou-se uma união monótona e sem amor devido às constantes ausências de Ryōichi em casa. O trabalho de Ryōichi exige que ele viaje frequentemente, deixando Noriko sozinha em Tóquio por longos períodos. Ela passa a maior parte dos seus dias ociosa e solitária, tendo como única companhia parentes e vizinhos idosos. Suas conversas são superficiais e insatisfatórias, desprovidas de genuína conexão emocional ou intimidade. À medida que a história se desenrola, Noriko começa a perder o contato com a realidade e se sente presa em seu casamento apático. Seu desejo por romance e amor é recebido com silêncio e indiferença de Ryōichi. Enquanto isso, seus amigos e parentes parecem alheios às suas lutas, presos em seu próprio mundo de relacionamentos superficiais e hierarquias sociais. A falta de comunicação e expressão emocional de Ryōichi força Noriko a buscar consolo em outro lugar. Ela começa a ter um caso extraconjugal com um homem mais velho, Shoji Morioka (interpretado por Yūnosuke Itō), que a leva para uma escapadela romântica no campo. O breve, mas intenso romance entre Noriko e Shoji traz alegria e emoção à sua vida, mas é, em última análise, fugaz e efêmero. O filme também explora a vida de outros casais de Tóquio, destacando as suas próprias lutas e desilusões dentro dos seus relacionamentos. Ozu retrata subtilmente as pressões sociais que moldam a vida destes casais, desde as restrições do casamento tradicional à monotonia da vida urbana. Através destas vinhetas, Ozu critica as convenções sufocantes do Japão pós-guerra, onde a liberdade pessoal e a expressão emocional foram sacrificadas em prol da estabilidade e conformidade social. Ao longo do filme, o estilo visual distinto de Ozu é evidente no uso de tomadas longas e estáticas e uma abordagem minimalista da narração. O trabalho de câmera é discreto e observacional, capturando os momentos tranquilos da introspecção de Noriko e o desapego de Ryōichi. A mise-en-scène também é notável, com foco no mundo interior dos personagens, destacando a atmosfera sufocante de suas casas e a alienação da vida urbana. Início da Primavera é um drama pungente e instigante que lança luz sobre as desilusões do Japão pós-guerra. O retrato matizado de Ozu sobre um casamento que se tornou obsoleto e as consequências das expectativas sociais levanta questões sobre a natureza do amor, da intimidade e dos relacionamentos. Como obra de literatura cinematográfica, Início da Primavera continua a ser uma exploração profundamente comovente e assombrosa da condição humana, ecoando o desespero silencioso e o anseio que define o destino trágico e, em última análise, condenado de Noriko. Em última análise, o filme é uma exploração matizada das tensões entre o desejo individual e as expectativas sociais, bem como as restrições do casamento tradicional no Japão pós-guerra. A direção magistral de Ozu e as atuações do elenco trazem profundidade e complexidade à narrativa, criando um retrato poderoso e pungente das lutas de pessoas comuns.

Início da Primavera screenshot 1
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