Elle

Elle é um filme de suspense psicológico francês de 2016 escrito e dirigido por Paul Verhoeven, vagamente baseado no romance alemão "Oh...," de Philippe Djian. O filme gira em torno de Michèle Leblanc, uma CEO ambiciosa e poderosa de uma empresa de desenvolvimento de videogames, que se vê envolvida em um jogo de gato e rato com um stalker após um ataque em sua casa. O filme começa com Michèle recebendo uma ligação de um número desconhecido. No entanto, antes que a conversa comece, ela interrompe o chamador usando um método não convencional; ela desliga simplesmente removendo o receptor do ouvido. Esta cena dá o tom para o caráter assertivo e forte de Michèle, que se recusa a recuar de qualquer confronto. Após o ataque, Michèle descobre seu apartamento em ruínas. A agressora, revelada como uma jovem chamada Anna, deixou seu telefone e uma mensagem de vídeo explícita. Ao longo da narrativa, as linhas entre realidade e fantasia se confundem à medida que a percepção de Michèle sobre as intenções de seu perseguidor é distorcida. À medida que Michèle se aprofunda em seu passado para entender as motivações de Anna, o público fica questionando a verdadeira natureza de seu relacionamento contorcido. A narrativa é uma mistura magistral de complexidade psicológica e humor negro. Através da narração de Michèle, o público tem acesso ao seu mundo interior, um reino onde seu passado, relacionamentos e memórias convergem. Esses flashbacks revelam uma teia complexa de relacionamentos pessoais, incluindo uma história tumultuada com sua mãe, Anne (interpretada por Isabelle Huppert), uma vida familiar conturbada e um caso com um homem casado, Richard Vallenourt. A vida de Michèle gira em torno de precisão e controle. Cada detalhe é meticulosamente planejado e cronometrado. No entanto, sob a superfície reside um universo emocional tumultuado, muitas vezes reprimido e escondido do mundo exterior. Ela é um paradoxo de personagem: ferozmente independente e vulnerável ao mesmo tempo. Essa natureza contraditória impulsiona a narrativa para frente, permitindo que o público se envolva com a turbulência interna de Michèle. A cinematografia em Elle captura perfeitamente a sensação de inquietude e tensão do filme. A direção de Verhoeven elabora magistralmente cada cena para enfatizar o relacionamento perturbador da protagonista com seu perseguidor. À medida que a narrativa se desenrola, a conexão de Michèle com Anna evolui de um jogo de gato e rato para uma complexa dança psicológica. O filme levanta questões sobre dinâmicas de poder, particularmente no que diz respeito ao empoderamento das mulheres. A personagem de Michèle serve como uma representação da assertividade feminina diante da adversidade. Apesar de enfrentar a ameaça de violência e a perda de controle, ela se recusa a recuar e, em vez disso, escolhe contra-atacar. Através das ações de Michèle, Elle apresenta um comentário subversivo sobre as expectativas sociais modernas em torno das mulheres e da violência. À medida que a história se desenrola, as linhas entre vitimização e agência tornam-se cada vez mais tênues. As ações de Michèle desafiam a compreensão do espectador sobre as dinâmicas de poder entre um predador e uma presa. Suas respostas calculadas aos ataques de Anna deixam o público questionando as verdadeiras motivações de ambos os personagens. Essa ambiguidade torna Elle um thriller emocionante que continuará a ser debatido muito depois dos créditos finais. Em seu momento mais pungente, o filme confronta as cicatrizes emocionais de Michèle, seu conflito interno e as consequências de suas emoções reprimidas. Este momento mostra a complexidade do personagem de Michèle, destacando ainda mais as linhas tênues entre realidade e fantasia. Em última análise, Elle apresenta um retrato assombroso e instigante da luta desesperada de uma mulher pelo controle e agência em um mundo que muitas vezes parece determinado a quebrá-la. Com sua narrativa magistral, personagens complexos e temas subversivos, Elle é um thriller envolvente que permanecerá com o público muito depois do cair do pano.