Extermínio

Enredo
Na cidade do Rio Grande do Sul, uma região aninhada no coração do Brasil, Extermínio investiga as vidas muitas vezes não contadas de mulheres trans que vivem em uma sociedade onde sua própria existência está constantemente sob escrutínio e ameaça. Baseado em um assassinato trágico que abalou a comunidade em 2016, esta narrativa tece uma tapeçaria complexa de memórias, histórias e reflexões que lançam luz sobre as dificuldades enfrentadas por mulheres trans nesta região. A história começa nos apresentando a um elenco de personagens, cada um com suas próprias lutas e resiliência diante da adversidade. Há Maria, uma mulher trans que construiu uma vida nesta cidade, mas cuja identidade é constantemente desafiada e policiada por aqueles ao seu redor. Sua história se entrelaça com a de Ana, uma jovem mulher trans cujos sonhos de se tornar modelo estão sendo lentamente esmagados pela crueldade de seus colegas e pela falta de apoio de sua família. À medida que a narrativa se desenrola, vemos a vida dessas mulheres se cruzando com a de Alice, uma mulher trans que perdeu sua parceira para a própria violência que este filme busca expor. A memória da morte de sua parceira está gravada em seu ser, uma lembrança marcante dos perigos que as mulheres trans enfrentam todos os dias nesta região. A história de Alice nos leva à delegacia de polícia local, onde ela confronta a incompetência e a indiferença dos policiais encarregados de resolver os inúmeros assassinatos de mulheres trans. O título do filme, Extermínio, reflete a dura realidade enfrentada por mulheres trans nesta região. Os números são impressionantes, com o Brasil sendo o país com o maior número de assassinatos de pessoas trans em todo o mundo. Os cineastas escolheram deliberadamente focar nessa questão, lançando luz sobre as falhas sistêmicas que permitem que essa violência continue sem controle. À medida que as histórias dessas mulheres se desenrolam, somos transportados para um mundo onde a transfobia e a homofobia estão profundamente enraizadas na cultura. Vemos como essas atitudes são perpetuadas por meio de piadas, insultos e até ataques físicos, deixando claro que a violência contra mulheres trans não é apenas um incidente isolado, mas um sintoma de um problema social mais amplo. Ao longo de Extermínio, os cineastas usam uma estrutura narrativa não linear para transmitir a natureza fragmentada e desconexa da vida de mulheres trans nesta região. O filme salta entre cenas, memórias e conversas, criando uma sensação de desorientação e confusão que reflete o caos e a incerteza que essas mulheres enfrentam todos os dias. No entanto, apesar dos muitos desafios e obstáculos, as histórias em Extermínio são infundidas com um senso de resiliência e resistência. Vemos como Maria, Ana e Alice encontram momentos de alegria e conexão em suas vidas, muitas vezes nas menores coisas – uma palavra gentil de um amigo, um sorriso de um ente querido ou um momento triunfante em suas carreiras. A maior força do filme reside em sua capacidade de humanizar as mulheres trans do Rio Grande do Sul, indo além de estereótipos e estigmas para revelar a complexidade e a profundidade de suas vidas. Ao explorar suas histórias, Extermínio humaniza essas mulheres, tornando-as mais identificáveis e mais merecedoras de nossa empatia e compreensão. Em última análise, Extermínio é uma poderosa acusação de uma sociedade que continua a falhar e marginalizar suas mulheres trans. A decisão dos cineastas de lançar luz sobre esta questão é uma prova de seu compromisso em contar as histórias que precisam ser contadas, mesmo diante da adversidade e resistência. Este filme é um passo necessário para a mudança, um chamado à ação que exige nossa atenção e nossa indignação. Ao testemunhar a vida dessas mulheres, Extermínio nos desafia a confrontar os aspectos mais sombrios de nossa própria humanidade e a trabalhar para criar um mundo mais justo e inclusivo para todos.
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Recomendações
