Lilith

'Lilith', um filme vagamente baseado na figura mitológica, mergulha na narrativa da primeira mulher do mundo, conjurada para ser a companheira de Adão, o primeiro homem criado por Deus. No início, o filme retrata os estágios iniciais da criação, onde Adão, aparentemente feito de pó, ganha vida. Deus então traz Lilith, forjada a partir de uma mistura de solo e essência divina. Adão e Lilith são unidos pelo criador divino como um par, os primeiros a habitar a terra. No entanto, a harmonia é de curta duração, e seu relacionamento se deteriora rapidamente devido a um desentendimento sobre seu status de iguais. Adão, aparentemente movido pela noção de que ele vem 'do chão', sugere que, sendo aquele criado do solo, ele é o ser superior e deve assumir a posição de domínio dentro do relacionamento. Essa perspectiva irrita Lilith, pois ela se recusa a aceitar a noção de que deveria concordar com um papel subordinado, citando as escrituras de que ela e Adão foram criados igualmente a partir do pó da terra. Sua rebelião marca um ponto crítico em seu relacionamento, pois ela se recusa a se conformar com as expectativas da sociedade. Consequentemente, uma fenda se forma, levando Lilith a fugir do Jardim do Éden. Numa tentativa de se reconciliar com Adão, Deus envia serpentes para persuadir Lilith a regressar ao Jardim, mas a sua determinação vacila devido à sua percepção de não ser vista como igual. Lilith embarca numa jornada perigosa, atravessando o deserto árido e agreste, um testemunho da sua determinação inabalável. No caminho, ela encontra várias criaturas e mulheres, estabelecendo conexões e aprendendo sobre as duras realidades de seu mundo. Sua rebelião se transforma em uma paixão ardente por liberdade e autonomia, enquanto ela forja um caminho independente. Enquanto isso, Deus cria Eva como companheira para Adão. A introdução de Eva marca o início de uma nova dinâmica que está profundamente entrelaçada com a narrativa da queda da humanidade. Eva, alheia à sua antecessora, entra em cena como a companheira escolhida de Adão, alheia ao seu passado complicado com Lilith. Na presença de Eva, Adão começa a esquecer Lilith e seu passado tumultuado. O surgimento de Eva como parceira de Adão reacende o fogo do ciúme dentro de Lilith, impulsionando-a a buscar vingança contra Adão, contra Deus e, finalmente, contra as normas sociais que silenciaram as vozes das mulheres. A narrativa visual do filme alterna entre essas múltiplas histórias à medida que avança: a busca de Lilith pela liberdade e sua busca inflexível por justiça em meio às restrições da opressão patriarcal. A trama também tece o simbolismo da comida, representando uma metáfora tanto para sustento quanto para conhecimento. No filme, o fruto proibido se torna um símbolo de desafio, poder e empoderamento. O fruto proibido serve como um símbolo de vida e uma fonte de poder, com o conhecimento de comê-lo se tornando sinônimo de renascimento e autorrealização para Lilith e Eva. O filme culmina com Lilith consumindo o fruto proibido, um símbolo de seu desafio contra as normas patriarcais contra as quais ela lutou durante toda a sua jornada. Consumir o fruto proibido solidifica sua posição como a primeira mulher a se revoltar contra a ordem social dominada pelos homens. Isso marca uma virada decisiva na narrativa, renomeando Lilith como a precursora do movimento feminista na história. 'Lilith' levanta questões pungentes sobre a natureza da criação, o poder da feminilidade e as falhas inerentes a uma ordem social que busca manter o controle sobre as mulheres silenciando-as através da opressão e da desigualdade. Em última análise, deixa uma marca indelével na representação cinematográfica de mulheres fortes lutando contra o status quo.