Locke

Enredo
O filme Locke começa com Ivan Locke (interpretado por Tom Hardy), um chefe de construção que construiu meticulosamente uma vida para si, consistindo numa esposa amada, dois filhos adolescentes e uma carreira de sucesso como chefe de construção. No entanto, esta vida cuidadosamente construída parece estilhaçar-se em milhões de pedaços quando, na véspera de um grande projeto de construção, ele recebe uma chamada telefónica de Bethan (interpretada por Ruth Kearney), uma jovem grávida e um caso amoroso de Ivan de há vários anos. A chamada telefónica serve como catalisador para a espiral descendente do filme, pois não só obriga Ivan a confrontar as consequências da sua infidelidade anterior, como também o faz enfrentar a perspetiva da paternidade. Ivan fica cada vez mais perturbado à medida que a conversa revela que Bethan está prestes a dar à luz e pede a Ivan para estar presente no parto. Inicialmente, ele expressa a sua relutância, citando os seus compromissos familiares e de carreira. No entanto, à medida que a vulnerabilidade emocional e os apelos de Bethan desgastam as defesas de Ivan, ele acaba por ceder ao seu pedido, perturbando inadvertidamente a sua vida e a daqueles que lhe são mais próximos. À medida que a história se desenrola, Ivan encontra-se numa viagem solitária pelas Midlands inglesas, navegando pelo sistema de autoestradas enquanto se dirige para Coventry para encontrar Bethan. Ao longo do caminho, ele participa em conversas telefónicas com as pessoas mais próximas de si. Estas cenas cruciais, onde Ivan fala com a sua esposa Jane (interpretada por Olivia Colman), o seu pai distante George (interpretado por Andrew Scott) e os seus dois adolescentes, servem como uma exploração pungente e perspicaz das emoções humanas, testando os laços das relações e os sacrifícios que estamos dispostos a fazer. Numa série de conversas pungentes, testemunhamos a tensão na relação de Ivan com a sua esposa, Jane, que se sente abandonada pelo marido e está a lidar com as suas próprias inseguranças em relação à sua vida conjugal. A sua relação parece cada vez mais frágil, como evidenciado através das suas trocas tensas e de uma crescente sensação de desespero. Esta tensão emocional apenas serve para amplificar a tensão que permeia as suas conversas. O retrato da interação de Ivan com a sua família serve como um comentário pungente sobre a fragilidade das relações e sobre a facilidade com que até os laços mais fortes podem começar a desfazer-se sob pressão. As relações de Ivan com o seu pai e os seus filhos são igualmente complexas e multifacetadas. A conversa de Ivan com George é particularmente reveladora, fornecendo uma visão da infância difícil de Ivan e de um desejo profundo de fazer as pazes. Ao longo do filme, a narrativa é contada exclusivamente através de conversas telefónicas, com o monólogo interno de Ivan a servir como único auxílio visual. Esta técnica serve para aumentar a sensação de vulnerabilidade e isolamento que permeia a vida de Ivan. À medida que a história avança, Ivan fica cada vez mais isolado, isolado do mundo exterior e forçado a confrontar as consequências das suas ações. A personagem de Ivan Locke é um estudo magistralmente elaborado em contradições. Por um lado, ele parece ser um homem que orquestrou cuidadosamente a sua vida e construiu uma carreira e uma família de sucesso. Ao mesmo tempo, as suas ações e decisões servem como um testemunho das profundas inseguranças que o assombram. Ao longo do filme, testemunhamos a tensão entre as suas aspirações idealizadas e as duras realidades das suas circunstâncias. Em última análise, Locke é uma exploração poderosa e pungente das relações humanas, da fragilidade da vida e das dificuldades em fazer as pazes. O filme serve como um estudo perspicaz das emoções humanas e de como até as menores ações podem levar a consequências catastróficas.
Resenhas
Recomendações
