Marcello Mio

Enredo
Marcello Mio, o filme ítalo-franco-espanhol de 1991 dirigido por Marco Ferreri, é uma exploração pungente e frequentemente sombriamente cômica da identidade, da performance e da necessidade humana de auto-reinvenção. No seu âmago, o filme é uma exploração complexa e profundamente pessoal das relações tensas dentro de uma família, particularmente o vínculo complicado entre Chiara, a atriz, e seu pai, que ambos retomam papéis dos filmes italianos clássicos que o catapultaram para a fama. No início da história, Chiara Mastroianni, uma atriz talentosa por direito próprio, enfrenta crescente pressão de sua família, particularmente de seu pai. Aparentemente, seus relacionamentos com eles a estão sufocando, e ela sente que deve se libertar de seu controle se quiser traçar seu próprio caminho na vida. Num gesto audacioso e enigmático, Chiara decide passar por uma transformação radical: ela decide trazer seu pai de volta à vida através de sua própria auto-identificação. A abraçar a figura de seu pai, Marcello, Chiara começa a tentar se tornar ele em todos os sentidos da palavra. Ela adota seus maneirismos, padrões de fala e até seu visual característico, alterando drasticamente sua própria aparência para emular a grande estrela de cinema italiana. Ao fazê-lo, Chiara procura estabelecer uma nova identidade, uma que a liberte das expectativas que há muito definem seus relacionamentos com os outros. Conforme Chiara se transforma em 'Marcello', ela exige ser tratada como um homem, em vez de uma mulher. Seus amigos, familiares e até seu parceiro ficam chocados com sua decisão ousada e lutam para reconciliar a mudança. Confusos e frustrados com a nova identidade de Chiara, aqueles ao seu redor inicialmente veem sua tentativa de se tornar Marcello como uma brincadeira caprichosa, que inevitavelmente será abandonada com o passar dos dias. No entanto, à medida que Marcello Mio avança, fica claro que a transformação de Chiara é uma tentativa sincera de autodescoberta. Ela vê seu pai como um verdadeiro gênio, que capturou os corações de milhões através de seus papéis no cinema e de sua presença incomparável nas telas. Ao adotar a persona de Marcello, Chiara tenta recapturar um pouco daquela magia antiga para si mesma, sabendo muito bem que nunca poderá realmente substituir seu pai famoso. Ao longo do filme, Ferreri manipula magistralmente vários fios narrativos, investigando temas que transcendem o conto superficial de transformação. Conforme Chiara navega em sua nova realidade, ele habilmente levanta questões sobre a natureza da identidade, questionando se a realidade pode alguma vez ser verdadeiramente separada da performance. Por trás das lentes, Ferreri desconstrói habilmente a noção de self como uma construção artificial, elaborada através de relações e experiências. Conforme Chiara se dissolve cada vez mais em sua persona de Marcello, seus relacionamentos com os outros começam a se desintegrar. Seus amigos se sentem afastados dela; seu parceiro se agarra à memória de seu antigo eu, lutando para ver sua nova identidade como uma expressão autêntica de quem ela é agora. No processo, o filme de Ferreri levanta questões fundamentais sobre a necessidade humana de reinvenção, seja através de figurinos, performances ou atos de imaginação. Conforme as linhas entre a persona de Marcello e a de Chiara se confundem cada vez mais, o filme investiga a psique de uma mulher que enfrenta rejeição e decepção, forçada a confrontar a possibilidade de que o self pode não ser fixo. Se interpretássemos Marcello Mio exclusivamente através de uma lente de comédia, o humor sarcástico do filme, a sátira cortante e os deliciosos momentos de farsa que iluminam certas cenas ao longo de sua trajetória dominariam a narrativa. Mas este é um filme menos interessado em humor escrachado e mais preocupado em lançar luz sobre as correntes mais sombrias sob sua superfície elegantemente estilizada. Embora Ferreri utilize um senso de humor perverso para sondar as fissuras na frágil rede familiar de Chiara e dissecar a cultura superficial fascinada pelo culto à personalidade em torno do pai famoso, em última análise, os maiores riscos do filme dizem respeito não tanto a uma performance espetacular ou a uma revelação bombástica, mas ao colapso doloroso dos relacionamentos. Marcello Mio apresenta, em última análise, um retrato revelador de uma tentativa desesperada de autodefinição e da dor que acompanha a transformação. É um filme capaz de atrair o público, envolvendo-o emocionalmente na esperança de que esta possa ser uma história triunfante de transformação, mas servindo apenas como um prenúncio cruel de separação e percepção.
Resenhas
Joanna
The underlying tone remains sincere, yet the entire film is dominated by an internal perspective, preventing any external engagement with the story. The actors' affected casualness only exacerbates the exclusive, insider feel of this role-playing game. No matter how much of a national treasure Deneuve is, she can't withstand being unconditionally utilized like a panda in a zoo.
Shelby
Perhaps the low rating actually created a pleasant surprise. Many negative reviews focus on the aversion to "nepo babies," but the female lead truly captures Marcello Mastroianni's magic with remarkable skill. The idea of a "nepo baby" trying to "make it on their own" and separate themselves from their parents is a false dilemma. So, what if they completely become their parent? This film takes the route of the extreme to achieve a kind of playful mockery of the torn inner lives of upper-echelon performers, and the humor is genuinely plentiful (Cao Yang is truly winding).
Preston
Chiara's collection of skits cosplaying her father, paying homage to "La Dolce Vita," "8 1/2," "Divorce Italian Style," "Three Lives and Only One Death," "White Nights," and "Le Bal." While it doesn't have much to say and is still milking the last remaining value from the golden age of cinema, it's still quite a pleasant watch.
Valerie
Beyond the somewhat specialized pleasure it offers to cinephiles, I particularly enjoyed the segments focusing on the two family relationships that Deneuve and Marcello create together. Chiara, playing Marcello, is constantly adjusting her position in both directions. While relying on the conceptual nature of her role as an actor, she uses her quirky performance to evoke genuine, unadorned emotion. It's quite endearing.
Morgan
This film feels more suited for a special screening; its inclusion in the main competition suggests a truly unexpected selection decision this year.
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