Especialistas em Crise

No documentário de 2005 "Especialistas em Crise", a diretora Rachel Boynton investiga o mundo dos bastidores da política, enquanto uma equipe de consultores liderada por americanos tenta eleger o candidato à presidência boliviana Evo Morales. A adaptação para o cinema de 2015, dirigida por David Gordon Green e escrita por Peter Straughan, pega neste conceito e o expande, explorando as complexidades e ambiguidades morais do uso de estratégias de campanha americanas na América do Sul. O filme centra-se em Calico Jane Bodine (Sandra Bullock), uma política altamente qualificada e confiante dos Estados Unidos, contratada para dirigir a campanha presidencial do candidato boliviano Castillo (Demian Bichir). Jane, conhecida como "Calico", tem a reputação de ser capaz de vencer eleições através de sua experiência em criar uma imagem e mensagem atraentes que ressoem nos eleitores. A tarefa de Jane é ajudar Castillo a derrotar o atual presidente boliviano, Camacho (Joaquim de Almeida), que tem sido um símbolo da luta do país contra a pobreza e a desigualdade. Castillo, o candidato, é mais uma figura populista, com um apelo genuíno à sua base, mas carece do brilho e da sofisticação necessários para atrair eleitores mais urbanos e instruídos. Enquanto Jane e sua equipe, incluindo seu assistente e confidente, Ben (Anthony Mackie), partem para fazer campanha para Castillo, eles rapidamente percebem os desafios que enfrentam ao tentar adaptar sua marca de política americana à cultura boliviana. A confiança inicial de Jane é abalada pelas complexidades e nuances da política boliviana, onde a relação entre o governo e o povo está profundamente enraizada e muitas vezes antagônica. Ao longo do filme, a personagem de Jane é revelada como um indivíduo complexo e profundamente conflituoso, dividido entre suas próprias ambições profissionais e seu crescente investimento emocional no povo boliviano. Suas motivações para assumir esta tarefa são multifacetadas, impulsionadas por uma mistura de altruísmo, curiosidade intelectual e um desejo de provar a si mesma como uma importante estrategista de campanha. Enquanto a equipe de Jane trabalha incansavelmente para criar uma mensagem vencedora para Castillo, eles encontram numerosos obstáculos, incluindo barreiras culturais e linguísticas que dificultam a conexão da equipe liderada por americanos com os eleitores bolivianos. A equipe também é assolada por conflitos pessoais e de equipe que testam a liderança de Jane e a unidade da campanha. Um dos aspectos mais interessantes do filme é sua exploração diferenciada da tensão entre a linguagem universal da política e as nuances profundamente locais e culturais da sociedade boliviana. O filme destaca os desafios de tentar exportar a política ao estilo americano para países estrangeiros, onde os contextos culturais e históricos são vastamente diferentes. O filme também levanta questões sobre o papel do poder e da influência americanos na definição da política de outros países. A história sugere que mesmo a ajuda e a experiência estrangeiras bem-intencionadas podem ter consequências não intencionais, como o reforço de estruturas de poder entrincheiradas ou a cooptação de líderes locais que podem não compartilhar os valores americanos. A jornada pessoal de Jane também é um aspecto fundamental do filme, pois ela é forçada a confrontar seus próprios preconceitos e suposições sobre o povo boliviano e sua política. Através de suas experiências, o filme incentiva os espectadores a reavaliarem suas próprias suposições sobre a política de outros países e o papel da influência estrangeira na definição da política local. Em última análise, "Especialistas em Crise" é um filme instigante e bem elaborado que oferece uma exploração diferenciada das complexidades da política no sul global. Através de seus personagens bem desenvolvidos, enredo envolvente e temas oportunos, o filme oferece uma experiência de visualização rica e envolvente que permanece muito depois que os créditos terminam.