Menta

Enredo
No drama comovente "Menta", o diretor Lee Chang-dong tece magistralmente uma narrativa que se estende por duas décadas, navegando pelas complexidades de uma vida vivida. Em sua essência, o filme é uma exploração pungente da experiência humana, investigando os reinos da perda, do arrependimento e da natureza indescritível da felicidade. A narrativa do filme se desenrola com uma sensação de pressentimento, enquanto um grupo de velhos amigos se reúne na primavera de 1999 para celebrar seu reencontro de 20 anos. Em meio às festividades, uma pessoa se destaca por todas as razões erradas: Yeong-ho. Seu comportamento é tão frio quanto os muros de pedra que os cercam, e sua ausência de alegria é palpável. Conforme a noite avança, torna-se evidente que a escuridão de Yeong-ho não é meramente uma fachada, mas um reflexo da turbulência que tem fermentado dentro dele. À medida que os eventos daquela noite fatídica se desenrolam, Yeong-ho fica cada vez mais distante, com os olhos fixos no horizonte como se estivesse perdido em pensamentos. É então que as memórias de seu passado começam a surgir, inundando sua mente como uma onda gigante. Essas memórias, sete episódios cruciais que moldaram sua vida, são os fios que tecem a tapeçaria de "Menta". A primeira dessas memórias nos leva de volta a 1979, uma época de inocência e ingenuidade. Nesta cena, conhecemos um Yeong-ho despreocupado, um jovem com um futuro brilhante pela frente. Seus relacionamentos com seus colegas são genuínos e seu riso é contagiante. Este retrato idílico é, no entanto, de curta duração, pois logo nos encontramos em 1986, uma época de grande turbulência. É neste ano que Yeong-ho se envolve em um evento trágico que mudará para sempre o curso de sua vida. Suas ações, embora bem-intencionadas, acabam levando à morte de um jovem, um amigo de infância. As consequências de suas ações pesam muito em sua consciência, lançando uma sombra que continuará a assombrá-lo por muitos anos. À medida que as memórias continuam a se desenrolar, somos levados a uma jornada que abrange a década de 1980, cada década pintando um retrato de uma vida que se desfaz lentamente. Testemunhamos os relacionamentos de Yeong-ho desmoronarem, as lutas de sua família e a perda de entes queridos. Em cada um desses momentos, vemos o brilho de uma vida dilacerada pelo implacável passar do tempo, um lembrete de que até as menores ações podem ter consequências profundas. No entanto, "Menta" não é meramente um filme sobre arrependimento e perda. É também uma exploração pungente do espírito humano, um testemunho do poder duradouro do amor e da conexão. Em meio à escuridão de Yeong-ho, encontramos momentos de beleza, lembretes de que mesmo nos tempos mais sombrios, sempre há esperança. Esses momentos são frequentemente fugazes, mas oferecem um vislumbre de luz no vazio. Em 1988, encontramos Yeong-ho em um momento de ternura, seu amor por uma mulher que logo o deixará palpável. Em 1990, vemos ele ao lado de sua família, lutando para lidar com a perda de um ente querido. Em cada um desses momentos, somos lembrados de que mesmo em meio à dor, sempre há uma chance de redenção, de cura e de crescimento. À medida que as memórias do passado de Yeong-ho continuam a surgir, ficamos com uma profunda sensação de tristeza, um reconhecimento de que as escolhas que fazemos na vida estão para sempre ligadas às consequências que se seguem. E, no entanto, mesmo diante dessa tristeza, "Menta" oferece uma mensagem de esperança, um lembrete de que nunca é tarde demais para mudar, para aprender com o passado e para forjar um novo caminho, um que seja moldado pelas experiências que compartilhamos. O filme termina em uma nota pungente, um reflexo da fragilidade da vida e da transitoriedade da conexão humana. Enquanto Yeong-ho está na ponte ferroviária, com os olhos fixos no horizonte, ficamos com uma sensação de incerteza, um conhecimento de que o caminho à frente não está claro. É neste momento que somos lembrados do poder das memórias, do impacto que elas têm em nossas vidas e das escolhas que fazemos com elas. Em "Menta", Lee Chang-dong nos deu uma obra-prima, um filme que nos assombrará muito depois dos créditos rolarem. É um testemunho da condição humana, um lembrete de que todos nós estamos lutando para dar sentido a um mundo que muitas vezes parece complicado demais, confuso demais. No entanto, apesar dessa complexidade, o filme oferece uma mensagem de esperança, um lembrete de que mesmo nos tempos mais sombrios, sempre há uma chance de redenção, de cura e de crescimento.
Resenhas
Recomendações
